Nº 1074 – ANO XXI – 24 a 30 de abril de 2021
Nascido no oitavo século antes de Cristo, o profeta foi filho de Amoz. Muitos acreditam ter sido ele sobrinho do rei Amazias (que foi pai do rei Uzias), e devido a essa posição se tornou um escriba de confiança do palácio, e por isso tinha muitas informações do que estavam acontecendo no reino do norte e do sul, geopolítica e com uma cosmovisão precisa do que iria acontecer em sua geração.
Não descarto o fator revelacional, pois esse homem recebeu tremendas revelações da parte de Deus – tanto que foi o profeta que mais falou do Messias no Antigo Testamento acerca da primeira e da segunda vinda do Senhor Jesus –, mas o acesso ao conhecimento cria a plataforma que nos lança mais adiante.
O profeta viveu o período em que o reino do norte foi tomado pelo império assírio. Embora ele fosse e profetizasse ao reino do sul, foi muito impactante ver as dez tribos coirmãs sofrerem a invasão e destruição da Assíria. Porém, o que Deus lhe tinha revelado acerca de seu povo (reino de Judá, capital Jerusalém) não era muito diferente.
Numa visão geopolítica, Isaías viu a Babilônia se levantar como um grande império e tomar não só Jerusalém, mas as nações circunvizinhas. Todos se tornariam província desse grande gigante que estava tomando força. Judá, inclusive, por causa dos pecados que a nação estava vivendo: sacerdotes corrompendo o culto e oferecendo a Deus sacrifícios que já não agradavam mais o Senhor, juízes julgando injustamente, vendendo as causas por propinas e se beneficiando de ganho ilícito.
Seu avô, o rei Joás, matou a voz profética, o profeta Zacarias, dentro do templo do Senhor; assassinando, portanto, o filho do sacerdote Joiada, que salvara a vida dele. Seu tio, o rei Amazias trouxe falsos deuses de nações que tinha vencido na batalha, e foi queimar incenso a eles nos altares de Jerusalém. E agora o rei Uzias (possivelmente seu primo) entrara no templo do Senhor e queria fazer sacrifícios a Deus, quando, na verdade, isso era função somente dos sacerdotes da linhagem de Arão. Por causa disso, instantaneamente contraiu lepra e morreu anos depois devido a essa ofensa a Deus.
A literatura de Isaías, é construída em torno de três retratos messiânicos: o Rei (caps 1-37), o Servo (caps 38-55), e o Conquistador Ungido (caps 56-66). O estudo de seu livro é uma riqueza sem igual, sendo ele considerado uma “mini Bíblia”, pois foi dividido em 66 capítulos, sendo 39 deles sobre a Lei, juízo e castigo (assim como 39 livros do Antigo Testamento) e 27 capítulos só sobre a graça, salvação e o Messias (a graça – assim como os 27 livros do Novo Testamento).
Isaías era casado com uma profetisa (Isaías 8:3) e teve dois filhos com ela: Sear-Jasube (que significa “um resto volverá” ou “o remanescente voltará” – Isaías 7:3), nome que evoca as conquistas assírias que deixariam somente um remanescente de sobreviventes, e o outro filho era Maer-Salal-Hás-Baz (que significa “Pronto ao saque, rápido aos despojos” – Isaías 8:3), referindo-se aos assírios saqueando o Reino do Norte (Israel), que havia se aliançado com outras nações para ameaçarem o Reino do Sul (Judá). Certa vez, quando foi advertir o rei Acaz, Isaías levou seu filho Sear-Jasube junto, para que este fosse um testemunho profético vivo (Isaías 7:3) diante da incredulidade do rei.
Isaías datou sua profecia nos reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, os quatro reis do reino do sul do período de 740 a 686 a.C., sendo seu período profético citado dos anos 740 a 700 a.C.
O ministério de Isaías era direcionado principalmente ao povo de Judá, que não estava vivendo de acordo com as exigências da lei de Deus. Contudo, ele profetizou não apenas o julgamento de Judá, mas também de Israel e das nações vizinhas. Ao mesmo tempo, Isaías entregou uma mensagem comovente de arrependimento e salvação para qualquer um que desejasse obedecer a Deus.
O final da vida desse profeta extraordinário foi trágico, segundo a tradição rabínica: ele foi serrado ao meio durante o reinado de Manassés. Suas profecias tinham como objetivo anunciar o juízo de Deus diante do pecado, falar contra a idolatria e a falsa religião, denunciar a injustiça social, anunciar a vinda do Messias.
Como vemos, o livro de Isaías é super contemporâneo, pois além de o Antigo Testamento ser sombra das coisas que hão de vir (Colossenses 2:17), este livro é uma mensagem profética para nós hoje!
Claayton Nantes
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